sábado, 5 de março de 2016

Luta de classes ou guerra de sexos?

Evelyn Reed escreveu um livro intitulado "sexo contra sexo ou classe contra classe". Em linhas gerais, a análise é correta. Existem pontos problemáticos no conjunto da obra e por isso vamos apenas destacar os trechos que concordamos e que fornecem o eixo central de sua argumentação.

Evelyn diz que existem duas concepções sobre a libertação das mulheres:

Uma é a concepção marxista:

Uma é a marxista. Sabemos que as mulheres estão subjugadas e humilhadas em uma sociedade dominada pelo homem, e também que estão plenamente capacitadas para se organizarem ativamente contra estes males. Ao mesmo tempo, o marxismo nos ensina que a subordinação de um sexo é parte e consequência de uma pressão mais ampla e da exploração da massa trabalhadora por parte dos capitalistas, detentores do poder e da propriedade. Portanto, a luta pela liberação das mulheres e inseparável da luta pelo socialismo.
A outra é a concepção sexista (tema discutido por Stella Anderson e que vamos divulgar aqui e tentaremos publicar sua obra Crítica ao Feminismo):

E outro ponto de vista sustenta que todas as mulheres, como sexo, estão no mesmo barco e têm objetivos e interesses idênticos independentemente de sua posição econômica e da classe a que pertençam. Portanto, para obter a emancipação, todas as mulheres deveriam se unir e levar a cabo uma guerra baseada na diferença de sexo contra os machos chauvinistas, seus inimigos acérrimos. Esta conclusão, unilateral e distorcida, pode causar um grande dano à a causa da liberação da mulher.
Ela reconhece a necessidade de organizações de mulheres, como o nosso Coletivo 8 de Março:
 
É certo que as mulheres em geral, inclusive as de classes superiores, sofrem de alguma forma com o chauvinismo masculino. Em algumas ocasiões e para alguns objetivos e útil til e necessário que as mulheres pertencentes a estratos sociais distintos constituam organizações próprias e atuem unitariamente para eliminar injustiças e desigualdades impostas a seu sexo. Um exemplo é o movimento para a legalização do controle de natalidade e do direito ao aborto.

Ela coloca sua posição:
 
Sem dúvida, nem sequer a garantia de ver realizadas estas reformas urgentes eliminará as causas fundamentais da opressão da mulher, que se encontram na estrutura de classe de nossa sociedade. Em relação a todas as questões fundamentais, concernentes à propriedade privada, as mulheres ricas estão a favor da manutenção do status quo e de sua posição privilegiada, exatamente igual aos homens ricos. Quando isto acontece, traem seu sexo em favor de seus interesses e de seus privilégios de classe.

Portanto, classe contra classe deve ser a linha mestra da luta pela libertação da humanidade em geral, e da mulher em particular. Somente uma vitória revolucionária sobre o capitalismo, dirigida pelos homens e mulheres trabalhadoras e apoiadas por todos os oprimidos, pode resgatar as mulheres de seu estado de opressão e garantir-lhes uma vida melhor numa nova sociedade.

E termina com a conclusão lógica sobre o papel do feminismo sexista:

Não importa quão radical possa parecer; a substituição da luta de classes pela luta entre sexos, por parte das mulheres ativistas, seria um perigoso desvio do verdadeiro caminho da liberação. Esta tática somente poderia servir ao jogo dos piores inimigos das mulheres e da revolução social.

Essa é a gigantesca tarefa das mulheres trabalhadoras hoje: combater o sexismo (masculino e feminino), combater a opressão e violência contra as mulheres, combater o feminismo e seu caráter burguês, combater o capital e colocar em primeiro plano a luta pelo comunismo, tudo isso ao lado do movimento operário. As mulheres trabalhadoras não buscam interesses próprios, não buscam benefícios pessoais, não buscam atacar os homens, visam atacar a raiz do problema, que se chama capitalismo e tudo que contribui para sua permanência, inclusive o feminismo.

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